Uma das coisas mais difíceis de se fazer é discutir as negociações do Congresso ou do governo sem trazer a política para a equação. Como negociador, vejo a política apenas como uma variável entre muitas no contexto de uma negociação. Meu estilo pessoal é evitar trazer a política para a mesa – particularmente no clima cultural carregado de hoje. As opiniões moldam as visões políticas e essas opiniões são difíceis de mudar, e ainda mais de negociar. Então, o que você faz quando a política entra na equação?

Um estudo recente descobriu que 2 em cada 3 brasileiros está quase completamente isolado das informações sobre o político adversário. Por auto seleção ou casualidade, tendemos a viver entre pessoas que têm as mesmas opiniões políticas que nós. Quanto mais isolados nos tornamos, mais difícil é nos relacionarmos com outras pessoas que não compartilham nosso ponto de vista, e é provavelmente por isso que a maioria das pessoas acha que falar sobre política é difícil, contencioso e algo a evitar a todo custo.

Então, o que você faz quando a política aparece na mesa de negociações?

Primeiro, é importante entender que nossas visões políticas são nossas opiniões sobre como um governo ou sociedade deve ser administrados. Repito: são opiniões. As opiniões são formadas por experiências e crenças. Como tal, é difícil discutir sobre elas, e muito menos negociar. Mas elas podem influenciar nossas negociações.

Quando uma visão política (pense: opinião) chega à mesa, negociadores habilidosos ouvirão e ficarão curiosos. Eles têm um apetite insaciável por conhecimento. Eles querem entender como o outro lado pensa, como ele vê o mundo e o que ele valoriza. Portanto, quando uma opinião é apresentada, seus instintos são para buscar entendimento, não persuadir ou dissuadir. Quanto mais eles entenderem sobre o outro lado, melhor será sua posição para negociar de uma maneira que o outro lado entenda.

Na maioria das conversas políticas, há uma questão sendo discutida. Depois de ouvir o outro lado, um negociador habilidoso procurará reformular a questão, menos o fardo da política. Por exemplo, vamos supor que haja uma discussão sobre o que o governo deve ou não fazer para aliviar a inflação, com as partes discutindo as implicações dessas ações. Um negociador habilidoso irá reformular a questão para longe da política e para uma discussão apartidária sobre o que acontece se a inflação subir ou descer. Em outras palavras, ele se afasta das opiniões sobre porque a inflação sobe ou desce e reformula o problema em termos do que será necessário fazer se ela subir ou descer.

Se uma conversa política esquentar, o negociador habilidoso irá desarmar a situação pedindo uma pausa. Após um resumo dos pontos de discussão e do progresso feito, ele permitirá que todos tenham tempo para se refrescar. Normalmente, um resumo antes do intervalo é factual, incluindo todos os principais tópicos discutidos. No entanto, se houver uma discussão política acalorada, considere não resumir o debate político – apenas a questão. Usando o exemplo acima, você não resumiria que um lado acredita que o governo está indo bem com a inflação enquanto o outro não. Em vez disso, você resumiria que está discutindo as implicações da inflação subindo ou descendo. Mais uma vez, tire a política da conversa e permita que todos se concentrem nos assuntos em questão, em vez das opiniões.

Por fim, se você estiver preso em uma discussão política circular, faça uma proposta. Uma proposta sempre vencerá uma discussão, e essa situação não é exceção. Seu lado e o deles podem não ser capazes de resolver um desacordo sobre qual partido político é melhor, mas você certamente pode tomar algumas decisões sobre o que fazer se um de vocês estiver certo. Então, pare de discutir e faça uma proposta que o leve de volta a tomar decisões sobre os problemas em questão.

A propósito, o que foi dito acima se aplica a todas as outras coisas sobre as quais não devemos falar, como religião e futebol. Boa negociação!

Podemos ajudar sua equipe a tirar a política da negociação. Entre em contato conosco.

Texto original, Brian Buck – CEO Scotwork North America.
Tradução livre e edição Jorge Pontual

Conteúdos relacionados