Em mais de uma oportunidade assisti a esse vídeo em que são apresentadas atitudes de um líder tóxico e como isso pode ser inadequado para sua equipe e sua empresa. Adentrando mais o tópico, podemos dividir esses líderes em três, que são os mais conhecidos, sendo eles o Líder de Conveniência, o Coercitivo e o Destrutivo.

Os primeiros focam apenas nos benefícios que sua equipe e suas ações poderão trazer para sua carreira, pouco importando seu grupo e até mesmo sua empresa. Então, em síntese, ele utiliza as pessoas em conjunto com suas atitudes para atingir seus objetivos pessoais.

Partindo para os Líderes Coercitivos, eles focam nos pontos fracos e medos de seus liderados, usando-os para incutir mensagens de ameaças e pavor por trás de suas “orientações”, assim tornando o ambiente de trabalho em um lugar pouco confortável de se estar.

E, por fim, o Líder Destrutivo, que critica constantemente o trabalho de todos, se considera o único capaz de resolver qualquer problema por ser o “cérebro” de toda a equipe. Falas como “no meu tempo eu bateria sua meta do ano em uma semana”, “vocês não sabem fazer nada mesmo” e “sem mim, vocês não seriam nada!” são presentes nos diálogos do dia a dia da empresa.
Sem querer de forma alguma minimizar os problemas causados pelos tipos de líderes acima, quero trazer aqui uma abordagem sobre o outro lado desta negociação.
Estou falando sobre o lado dos liderados.
Muitas vezes nós aceitamos uma oportunidade profissional na qual acreditávamos que estávamos escolhendo uma boa opção e, de repente, todos os nossos alarmes tocam com atitudes de quem nos lidera, nos mostrando que “ôpa, posso ter entrado em uma roubada”.
Claro que todos nós muitas vezes discordamos de nossas lideranças e isso faz parte do trabalho, que é facilitado quando há respeito entre os envolvidos. Mas aceitarmos desrespeito, atitudes que vão contra nossos valores pessoais e/ou continuarmos nos prejudicando não me parece uma opção inteligente. Ter que engolir sapos a todo momento durante um longo período, acreditando que “alguma coisa” vai acontecer não resolverá o problema, pois não basta ficarmos com o pé atrás, esta aceitação necessita ter limite.

E aqui entra uma habilidade extremamente necessária para qualquer profissional: saber negociar em nome de seu próprio interesse. Preparar-se para tomar coragem e provocar uma reunião com o único objetivo de defender suas ideias, expor seu ponto de vista e seus sentimentos, negociar e pedir o que considera justo.
Você pode me dizer: “Ahhh Jorge, isso é fácil falar, mas difícil de realizar”. Concordo. A maior parte das coisas importantes que precisamos fazer tem estas características. E, claro, todo mundo engole um sapo ou outro de vez em quando, dentro e fora da empresa, com colegas, lideranças, clientes e fornecedores. Faz parte. Nem tudo é como gostaríamos, mas como eu já disse, a meu ver este “de vez em quando” deve ter limite.

Como a maioria das negociações importantes, conversas sobre eventuais insatisfações em nossos empregos passam por bons planejamentos. Ter argumentos sólidos, defensáveis e que interessem para quem nos emprega é indispensável. Então, Não adianta, por exemplo, querer pedir aumento de salário alegando um motivo pessoal como “minha filha entrou na faculdade e necessito de mais dinheiro”.

Também é importante dizer que em uma conversa mais dura, onde você acredita que poderá ser prejudicado ou ter que decidir tomar uma atitude mais radical, como sair da empresa, você necessita estar ainda mais planejado(a) e com a autoridade de quem tem um mínimo de liberdade profissional.

Neste sentido, sua autoridade neste tipo de negociação passa ao menos por cinco pontos:

  • 1. Começando pela parte mais chata, a financeira. Sei que você sabe disso e detesta que lhe digam, mas você tem que poupar parte do que você ganha ou sempre será refém de sua empresa e de suas dívidas:
    Tenha uma reserva de emergência e prudência financeira, tendo investimentos seguros;
    Programe-se e tenha um estilo de vida que permita guardar ao menos 10% do que você ganha. E se você trabalha como PJ, pense como empresário e não como empregado, afinal você tem uma empresa. Lembre-se que é sua obrigação não gastar tudo o que ganha para ter “capital de giro”, que poderá ser, por exemplo, poupar 19% ao mês, que seriam os descontos relativos ao INSS (11%) e FGTS (8%), sem falar em nunca deixar de pagar seus impostos. Cabe a você gerir esses valores, sem desculpas;
    Busque não depender de uma fonte única de renda (cônjuge que também trabalha, consultorias, dando aulas em universidades, etc.), sem abrir mão de ter tempo para cuidar de sua saúde, família e lazer;
    Se tem no horizonte mudança de emprego, converse sem falta com quem divide a vida com você, procure se livrar de dívidas elegíveis como consórcios, mensalidades de aplicativos que você não usa, viagens caras e evite ao máximo se endividar, pois é um fardo muito pesado para quem se vê em transição de carreira;
  • 2. Sua insatisfação não é motivo para depreciar sua empresa ou sua liderança. Seja profissional, entregue sempre mais do que é pedido a você. Ao meu ver, procurar melhores oportunidades não é demérito nem infidelidade, mas falar mal da empresa da qual você está tirando seu sustento é deslealdade do pior tipo;
  • 3. Invista em sua network, aprenda a dizer às pessoas de forma objetiva o que você sabe fazer bem (tenha um “elevator pitch”). É provável que você conheça pessoas que sabem onde você trabalha e não fazem ideia do que você faz. Então, se elas souberem de uma oportunidade que é a sua cara, nunca indicarão você;
  • 4. Entenda que você deve estar aberto para eventuais oportunidades e que não há momento melhor para procurá-las do que quando você já está empregado(a):
    Prefira sempre utilizar seu telefone celular pessoal, é uma despesa que vale a pena. Quem precisar lhe encontrar não dependerá de um número da empresa que poderá não ser mais seu. E lá se vão oportunidades…;
    Cuide do seu perfil aqui do LinkedIn e tenha um currículo atualizado, que destaca suas realizações. E se você domina mais de um idioma, não se esqueça de se manter atualizado neste outro idioma também;
    Analise a possibilidade de acionar em seu perfil aqui no LinkedIn a opção “Tenho Interesse em Ofertas de Emprego”, para que você possa ser avisado sobre vagas que lhe interessam. Isso não aparecerá no seu perfil para outras pessoas, se você escolher ser visualizado apenas por recrutadores;
    Analise a possibilidade de acionar em seu perfil aqui no LinkedIn a opção “Tenho Interesse em Ofertas de Emprego”, para que você possa ser avisado sobre vagas que lhe interessam. Isso não aparecerá em seu perfil para outras pessoas, se você escolher ser visualizado apenas por recrutadores, e é uma ótima forma de estar atualizado sobre quais empresas estão gerando oportunidades, o que está sendo pedido como pré-requisitos para os que buscam o que você faz e até mesmo salários;
  • 5. E uma orientação que muitos vão achar “fora de moda”: Invista em cartões de visitas digital e/ou impresso, caso sua empresa não providencie para você. Algumas pessoas acham que isso é ultrapassado, mas posso garantir que não é. Ao final de alguns encontros ou eventos, canso de ouvir (e de falar) a frase “como é mesmo o nome daquela pessoa?” E lá se vão oportunidades interessantes…

Por fim, tenha a certeza de que cabe a cada um de nós gerirmos nossas carreiras e nossa saúde física e mental, e que qualquer situação a qual temos antecedência para negociar nos permite nos prepararmos com calma, buscarmos aconselhamento, analisarmos alternativas, treinarmos nosso discurso e nossas argumentações com propriedade. Isso com certeza nos dará mais autoconfiança e muito maior chance de sucesso.

Além disso, se você está insatisfeito com o local que você trabalha, saber que você está trabalhando sobre um Plano B vai lhe dar ânimo e disposição para suportar algumas coisas, enquanto as engrenagens giram a seu favor.
Lembre-se que este seu plano B deverá ser mantido em segredo, não seja inocente o suficiente para falar sobre isso com outras pessoas. Se forem grandes amigos para quem você tem vontade de falar sobre isso, fique na sua e chame-os para comemorar quando você chegar aonde planejou.

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